1. O que é a Vitamina D e como atua no nosso organismo?
Vitamina D é o nome geral dado a um grupo de compostos lipossolúveis que são essenciais para manter o equilíbrio mineral no corpo. É também conhecida como calciferol. As formas principais são conhecidas como:
- Vitamina D3 (colecalciferol: de origem animal), formada por ação da luz ultravioleta nos percursores da Vitamina D na pele;
- Vitamina D2 (ergocalciferol: de origem vegetal), menos potente que a D3
A Vitamina D é metabolizada no fígado para formar 25-hidroxivitamina D ou 25(OH)D; este é o metabolito mais abundante na circulação e serve de indicador da quantidade de Vitamina D.
No rim, a 25(OH)D é transformada em 1,25-dihidroxivitamina D ou 1,25(OH)2D ou Calcitriol, que é a forma hormonal da vitamina D. A sua secreção é estimulada pela diminuição da quantidade de cálcio sérico ou pelo aumento da hormona da paratiroide (PTH).
A principal função da 1,25(OH)2D é manter a homeostase do cálcio, promovendo a mineralização óssea, através do aumento da absorção de cálcio e fósforo provenientes da dieta a nível intestinal e mobilizando cálcio a partir dos ossos.
Estudos recentes revelam que, além das células do rim, muitas outras possuem a enzima que sintetiza 1,25(OH)2D. Muitas destas células também possuem recetores da Vitamina D, o que facilita a ação da hormona ativa.
No sistema extrarrenal, o calcitriol controla a expressão de mais de 200 genes envolvidos na diferenciação, replicação e imunidade celular. Estas funções da vitamina D são, atualmente, alvo de investigação ativa.
2. Quais as fontes de Vitamina D?
A maior fonte de vitamina D do corpo humano é a produção endógena através da exposição à luz solar. A exposição dos braços e pernas à luz do sol durante 5 a 30 minutos entre as 10 e as 15 horas, duas vezes por semana, é muitas vezes, suficiente. Os cremes com proteção solar, tão importantes na proteção contra o cancro da pele, bloqueiam a formação desta vitamina.
Outras fontes naturais ricas em vitamina D são os óleos de fígado de peixe e os peixes de água salgada, tais como as sardinhas, o arenque, o salmão e a sarda. Os ovos, a carne, o leite e a manteiga também contêm pequenas quantidades. As plantas são fontes fracas e a fruta e os frutos secos não têm qualquer quantidade de vitamina D. A quantidade de Vitamina D no leite humano é insuficiente para cobrir as necessidades infantis.
3. Qual a quantidade de Vitamina D necessária?
Atualmente, os valores de 25- hidroxivitamina D Total doseados no soro propostos são os seguintes:
- Deficiência <10 ng/mL (0 – 25 nmol/L)
- Insuficiência 10- 30 ng/mL (25 – 75 nmol/L)
- Suficiência 30-100 ng/mL (75 -250 nmol/L)
- Toxicidade >100 ng/mL (> 250 nmol/L)
Foi estimado que 1 bilião de pessoas em todo o mundo não atingem a concentração ótima mínima de 30 ng/mL.
No entanto, os especialistas acreditam que a população de todas as faixas etárias poderá precisar de mais vitamina D do que as diretivas atuais recomendam.
4. Quem se encontra em risco de deficiência em Vitamina D?
- Pessoas cuja exposição à luz solar é muito limitada;
- Pessoas que têm pele escura;
- Adultos com mais de 50 anos;
- Pessoas com situações que causam má absorção de gorduras, como pancreatite, fibrose quística, doença celíaca e reseção da vesícula biliar;
- Pessoas que têm doença do fígado ou renal ou deficiências enzimáticas;
- Pessoas que vivem em climas nórdicos durante o inverno;
- Pessoas obesas.
5. É verdade que manter níveis suficientes de Vitamina D ajuda a prevenir determinadas doenças e manter um bom estado de saúde geral?
O papel da vitamina D como regulador dos níveis circulantes de cálcio e fósforo para assegurar a mineralização óssea é bem conhecido. As doenças classicamente associadas à deficiência de vitamina D são o raquitismo (nas crianças) e a osteomalácia (nos adultos).
Actualmente, sabe-se que a Vitamina D é importante para o funcionamento normal de muitos tipos de células, mas as necessidades de cada tecido e a resposta à vitamina variam.
Os diversos efeitos da vitamina D são mediados por recetores que regulam mais de 200 genes. Além dos recetores presentes no intestino e no osso, também foram identificados recetores da vitamina D no cérebro, próstata, mama, cólon, células do sistema imunitário, músculo liso e cardiomiócitos.
Um número de estudos cada vez maior associa a insuficiência de Vitamina D a um maior risco de desenvolvimento de várias patologias, a saber:
- Diabetes tipo 1;
- Cancro da mama e outros cancros (na mulher pós-menopausa);
- Fraturas nos idosos, como complicação da osteoporose;
- Doença cardiovascular, hipertensão arterial e morte devido enfarte do miocárdio e AVC;
- Esclerose múltipla e eventualmente outras doenças autoimunes.
6. Quais as recomendações para o doseamento da Vitamina D?
Este teste é recomendado às pessoas em risco de deficiência de vitamina D e, caso os níveis estejam abaixo de 30 ng/mL (75 nmol/L), deveriam receber suplemento desta vitamina. Recomenda-se o doseamento da 25(OH)D pelo menos 3 meses após o início do tratamento com suplementos (para se atingir um valor estável).
Os especialistas recomendam ainda o uso de um teste que doseie tanto a 25(OH)D2 como a 25(OH)D3, ou seja, um teste que doseie a 25-hidroxivitamina D Total, especialmente nos países em que ambas as formas da Vitamina D estão disponíveis em suplementos alimentares.
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