1. O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glucose) no sangue. A glucose no sangue é designada por glicemia e quando se encontra aumentada caracteriza-se por hiperglicemia ou, por outro lado, quando se encontra diminuída, caracteriza-se por hipoglicemia.
A doença afeta cada vez mais pessoas em todo o mundo e cada vez mais jovens. Actualmente, esta doença afecta ambos os sexos e tem uma grande prevalência entre a população portuguesa.
A diabetes é uma doença que resulta de uma deficiente capacidade por parte do organismo humano em utilizar a sua principal fonte de energia (glucose), que necessita de insulina para que o organismo possa fazer uma correta utilização da principal fonte de energia. A hiperglicemia ocorre devido à insuficiente produção ou insuficiente ação da insulina ou ambos, que é o caso mais frequente.
2. Quais são os tipos de diabetes?
A doença classifica-se em três tipos:
Tipo 1
Este tipo é mais raro que o tipo 2, é mais comum em crianças e jovens mas pode atinguir pessoas de qualquer idade e antigamente era designada por Diabetes Mellitus Insulino Dependentes. Não costuma ter relação com o peso corporal, por isso boa parte dos pacientes afetados tem peso corporal normal. Deve-se a problemas no pâncreas que tem um défice na produção de insulina ou a que é produzida é insuficiente. Os indivíduos com diabetes tipo 1 precisam tomar injeções de insulina diariamente para controlar essa condição.
Tipo 2
Este tipo é o mais prevalente, é responsável por 90 a 95% dos casos de diabetes, antigamente chamado de Diabetes Mellitus Não Insulino Dependente. Habitualmente, afecta indivíduos na idade adulta e é muito associado ao excesso de peso devido ao tipo de alimentação e ao sedentarismo.
Resulta da resistência às acções da insulina, com défice na secreção compensatória de insulina, ou seja, o pâncreas produz insulina em quantidades normais no início da doença, mas essa insulina não consegue exercer seu efeito como deveria, o que faz com que o pâncreas acabe por produzir mais e mais insulina na tentativa de compensar esse defeito. Com o passar dos anos, o pâncreas acaba por se “cansar”, e deixa de ser capaz de compensar a resistência à insulina. É nesse momento que surge a hiperglicemia, e é feito então o diagnóstico de Diabetes Tipo 2.
Gestacional
Este tipo de Diabetes ocorre durante a gravidez, surge em grávidas que não tinham Diabetes antes da gravidez e, habitualmente, termina com o parto. Contudo, cerca de metade das pessoas que sofrem deste tipo de doença mais tarde acabam por sofrer de Diabetes do Tipo 2, caso não seja devidamente acompanhada.
3. Quais os factores de risco da diabetes?
A Diabetes é uma doença que pode afectar qualquer pessoa, mas existem alguns casos com maior risco:
- Pessoas que têm familiares directos com a doença;
- Homens e mulheres obesos;
- Pessoas muito sedentárias;
- Pessoas com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
- Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez;
- Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
- Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas;
- Os idosos são mais susceptíveis de desenvolver a doença.
4. Quais são os sintomas da diabetes?
Uma vez que a diabetes pode causar complicações sérias, é importante que as pessoas estejam atentas para o aparecimento de sinais sugestivos de diabetes. Os sintomas associados à diabetes geralmente são discretos e lentos, o que leva a um diagnóstico tardio.
Sintomas nas crianças:
- Urinar frequentemente;
- Sede;
- Cansaço;
- Dores de cabeça;
- Náuseas e vómitos;
- Emagrecimento rápido.
Sintomas nos adultos:
- Urinar frequentemente;
- Sede;
- Cansaço;
- Dores de cabeça;
- Possível perda de peso;
- Visão turva.
É importante ter presente que os sintomas nas crianças e adolescentes são bastante nítidos, o mesmo não acontece no caso dos adultos, sobretudo no início da doença, motivo pelo qual pode passar despercebido durante algum tempo. No caso da Diabetes Tipo 1, o aparecimento dos sintomas costuma ser mais rápido, e podem ser mais severos e incómodos. No caso da Diabetes Tipo 2, é muito comum que os pacientes não tenham sintomas, principalmente numa fase inicial.
Na presença destes sintomas, o indivíduo deverá procurar imediatamente o seu médico para testar, através de exames, a presença ou não de diabetes.
5. Comer muito açúcar causa diabetes?
Comer muito açúcar, por si só, não provoca diabetes, ao contrário do que muitas pessoas imaginam. No entanto, comer muito açúcar pode levar ao ganho excessivo de peso, e a obesidade é uma das causas mais comuns de diabetes.
6. Um doente deve fazer o controlo da doença?
Sim, a diabetes deve ser controlada diariamente pelo próprio doente através de uma boa alimentação, da prática de exercício físico e da realização de testes ao sangue pela medição da glicemia capilar (picada no dedo) diariamente e mais do que uma vez ao dia. É importante que as medições sejam feitas preferencialmente sempre às mesmas horas do dia e antes da alimentação para que seja possível fazer comparação de valores.
Um doente que não se encontre controlado pode ter graves complicações enquanto um doente que tenha os devidos cuidados e faça um controlo diário consegue ter uma vida perfeitamente normal.
7. A diabetes tem cura?
A diabetes é uma doença crónica que actualmente ainda não tem cura. No entanto, assim como muitas outras doenças, pode ser tratada e controlada. A maioria das pessoas com diabetes pode levar uma vida completamente saudável e normal, desde que mantenha o seu tratamento e uma dieta adequada.
8. Como é feito o diagnóstico da doença?
A Diabetes é diagnosticada através dos seguintes parâmetros:
- Glicemia em jejum ≥ 126mg/dl;
- Sintomas clássicos mais glicemia ocasional ≥ 200mg/dl;
- Glicemia ≥ 200mg/dl às 2 horas na PTGO com 75g;;
- Hemoglobina glicada A1c ≥6,5%
O diagnóstico deve ser sempre confirmado 1 a 2 semanas depois com a mesma análise. Valores de glicemia em jejum entre 110 e 126 mg/dl e/ou valores enre 140 e 200 mg/dl após 2 horas na prova de tolerância são representativos de um aumento do risco de diabetes.
9. Quais os valores normais de glicose no sangue?
Actualmente, consideram-se normais os valores de glicemia:
a) Glicemia em jejum:
- Normal entre 70 e 110mg/dL
- Alterado entre 110 e 126mg/dL
- Provável Diabetes – superior a 126mg/dL
b) PTGO (após sobrecarga de 75g de glicose)
- Ao fim de 2 horas
- Provável Diabetes – igual ou superior a 200mg/dL
- Baixa Tolerância à Glicemia – entre 140 e 200mg/dL
10. Se a minha mãe e/ou o meu pai são portadores de diabetes, isso significa que eu vou ser diabético/a também?
A diabetes é uma doença que pode ser herdada. Isso significa que um indivíduo com pais diabéticos tem uma maior probabilidade de se tornar diabético. Mas isso não é certo, desde que tenha um estilo de vida saudável (alimentação equilibrada, exercício físico regular, peso corporal normal) pode vir a nunca desenvolver a doença.
Ou seja, ter pais diabéticos não significa que irá ser diabético/a, mas é mais provável que isso aconteça a si do que a um indivíduo que não tenha diabéticos na família.
11. A diabetes pode causar infertilidade?
Uma mulher diabética que não tenha um bom controlo dos valores de glicemia está associada a um risco maior de aborto nos primeiros três meses de gravidez. Além disso, mulheres diabéticas do tipo 2 frequentemente são obesas ou portadoras da síndrome dos ovários micropolicísticos, que dificultam a concepção.
12. O que é a diabetes gestacional?
A diabetes gestacional corresponde à hiperglicemia que ocorre exclusivamente nas mulheres grávidas que previamente não sofriam de diabetes. E, geralmente, desaparece após o nascimento do bebé.
Durante a gravidez (aproximadamente por volta da 24ª semana de gestação) o organismo produz grandes quantidades de hormonas que ajudam o bebé a crescer e há uma maior necessidade do organismo por insulina. Se o pâncreas não produzir a quantidade de insulina necessária ou se esta não realizar a sua função adequadamente, a glucose sanguínea aumenta (hiperglicemia), dando origem à diabetes gestacional.
A hiperglicemia obriga o bebé a aumentar de tamanho e a produzir insulina. Não se preocupe – a maioria das mulheres com diabetes gestacional tem bebés saudáveis. A diabetes gestacional deve ser, contudo, controlada até que o bebé nasça. Manter o nível de glicemia o mais normal possível permite evitar complicações, a si e ao seu bebé.
Às gestantes que agora se deparam com a diabetes, o importante é aceitarem esta etapa sem alarmismos ou preocupações infundadas, porque a maioria das mulheres com diabetes gestacional têm bebés saudáveis. Basta verificar os níveis de glicemia, com regularidade e seguir as indicações da equipa de saúde.
13. É importante controlar a diabetes gestacional? Porquê?
É importante fazer este tipo de controlo para que não exista complicações no parto. Actualmente, a prova de tolerância oral à glicose é obrigatório nos exames de rastreio das grávidas e felizmente, na maioria dos casos da diabetes gestacional o bom controlo da glicemia poderá evitar a ocorrência de complicações quer no bebé quer na mãe.
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